Gautama Buddha/pt: Difference between revisions

From TSL Encyclopedia
(Created page with "Devido ao pouco alimento, todos os meus membros se tornaram como trepadeiras murchas com juntas entrelaçadas; as pupilas de meus olhos eram fundas em suas órbitas, como a á...")
No edit summary
 
(66 intermediate revisions by 4 users not shown)
Line 25: Line 25:
No text canônico ''Anguttara Nikāya'', Gautama descreve sua criação com suas próprias palavras:  
No text canônico ''Anguttara Nikāya'', Gautama descreve sua criação com suas próprias palavras:  


<blockquote> Fui tratado com carinho, suprema e infinitamente. No palácio de meu pai, piscinas de lótus foram construídas para mim, num lugar para flores de lótus azuis, em outro para flores de lótus brancas e em outro para flores de lótus vermelhas, que floresciam para mim. Dia e noite, uma sombrinha era colocada sobre mim, para que não fosse incomodado pelo frio, calor, poeira, folhas ou orvalho. Eu morava em três palácios; em um, durante o frio; em outro, no verão; e em outro, durante a estação das chuvas. Enquanto estava no palácio da estação das chuvas, cercado por músicos, cantores e dançarinas, por quatro meses não saí do palácio. <ref>Helena Roerich, ''Foundations of Buddhism'' (Nova York: Agni Yoga Society, 1971), p. 7.</ref></blockquote>  
<blockquote>Fui tratado com carinho, suprema e infinitamente. No palácio de meu pai, piscinas de lótus foram construídas para mim, num lugar para flores de lótus azuis, em outro para flores de lótus brancas e em outro para flores de lótus vermelhas, que floresciam para mim. Dia e noite, uma sombrinha era colocada sobre mim, para que não fosse incomodado pelo frio, calor, poeira, folhas ou orvalho. Eu morava em três palácios; em um, durante o frio; em outro, no verão; e em outro, durante a estação das chuvas. Enquanto estava no palácio da estação das chuvas, cercado por músicos, cantores e dançarinas, por quatro meses não saí do palácio.<ref>Helena Roerich, ''Foundations of Buddhism'' (Nova York: Agni Yoga Society, 1971), p. 7.</ref></blockquote>  


Aos dezesseis anos, depois de provar sua habilidade numa competição militar, o príncipe Sidarta desposou sua linda prima Yasodhara. Logo se tornou melancólico e preocupado, mas o momento da mudanca em sua vida só ocorreu quando ele tinha vinte e nove anos e empreendeu quatro excursões nas quais entrou em contato com as quatro situações.  
Aos dezesseis anos, depois de provar sua habilidade numa competição militar, o príncipe Sidarta desposou sua linda prima Yasodhara. Logo se tornou melancólico e preocupado, mas o momento da mudanca em sua vida só ocorreu quando ele tinha vinte e nove anos e empreendeu quatro excursões nas quais entrou em contato com as quatro situações.  
Line 44: Line 44:
Ali, por aproximadamente seis anos, Gautama praticou uma austeridade severa, que estão descritas em suas próprias palavras no ''Majjhima Nikāya'':  
Ali, por aproximadamente seis anos, Gautama praticou uma austeridade severa, que estão descritas em suas próprias palavras no ''Majjhima Nikāya'':  


Devido ao pouco alimento, todos os meus membros se tornaram como trepadeiras murchas com juntas entrelaçadas; as pupilas de meus olhos eram fundas em suas órbitas, como a água brilhando no fundo de um poço; a pele de minha barriga chegou a agarrar-se às minhas costas.<ref>''Enciclopedia Britanica'', 15a. ed., s.v. “Buddha.”</ref>
<blockquote>Devido ao pouco alimento, todos os meus membros se tornaram como trepadeiras murchas com juntas entrelaçadas; as pupilas de meus olhos eram fundas em suas órbitas, como a água brilhando no fundo de um poço; a pele de minha barriga chegou a agarrar-se às minhas costas.<ref>''Enciclopedia Britanica'', 15a. ed., s.v. “Buddha.”</ref></blockquote>


As a consequence of these severe bodily mortifications, Gautama became so weak that he once fainted and was believed to be dead. Some accounts describe how he was found collapsed by a shepherd boy who restored him with drops of warm milk. Others say it was the devas, or gods, who revived him. Quando finalmente percebeu a inutilidade do ascetismo,
Como consequência dessas severas mortificações fisicas, Gautama ficou tão fraco que uma vez desmaiou e se acreditava estar morto. Alguns relatos descrevem como ele foi encontrado em colapso por um menino pastor que o restaurou com gotas de leite morno. Outros dizem que foram os devas, ou deuses, que o reviveram. Percebendo a futilidade do ascetismo, Gautama abandonou suas austeridades para buscar seu próprio caminho de iluminação - e seus cinco companheiros o rejeitaram e o abandonaram.  
abandonou-o para buscar a própria senda de iluminação. Como consequência,
foi rejeitado e abandonado pelos companheiros.  


== A árvore Bo ==
== A árvore Bo ==


[[File:675px-Mahabodhitemple.jpg|thumb|The Mahabodhi temple in Bodhgaya, India. The tree under which the Buddha attained enlightenment is on the left.]]
[[File:675px-Mahabodhitemple.jpg|thumb|O templo de Mahabodhi em Bodhgaya, Índia. A árvore sob a qual o Buda alcançou a iluminação está à esquerda.]]


One day Sujata, a villager’s daughter, fed him a rich rice milk—a “meal so wondrous ... that our Lord felt strength and life return as though the nights of watching and the days of fast had passed in dream.<ref>Edwin Arnold, ''The Light of Asia'' (London: Kegan Paul, Trench, Trubner & Co., 1930), p. 96.</ref> And then he set out alone for the Bo tree (abbreviation for bodhi, or enlightenment) at a place now called Buddh Gaya, or Bodh Gaya, where he vowed to remain until fully illumined. Hence, it has become known as the Immovable Spot.  
Um dia, Sujata, a filha de um aldeão, ofereceu-lhe um delicioso leite de arroz, “alimento tão extraordinário que nosso Senhor sentiu que lhe retornavam as forças e a vida, e que as noites de vigília e os dias de jejum haviam sido um sonho”.<ref>Edwin Arnold, ''Luz da Ásia – Vida e Doutrina de Gautama Buda'' (São Paulo:
Editora Pensamento, 1977).</ref>Partiu, então, sozinho, em busca da árvore Bo (abreviatura de bodhi, ou iluminação) no local chamado hoje Buddh Gaya, onde fez o voto de permanecer até estar totalmente iluminado. Por isso, ali ficou conhecido como o Ponto Imóvel.  


Nesse momento, [[Special:MyLanguage/Mara|Mara]], o Diabo, vem tentá-lo, para impedir que ele alcance o seu objetivo, e o confronta com tentações, iguais àquelas com que [[Special:MyLanguage/Satan|Satanás]] tentou [[Special:MyLanguage/Jesus|Jesus]], enquanto jejuava no deserto.  
Nesse momento, [[Special:MyLanguage/Mara|Mara]], o Diabo, vem tentá-lo, para impedir que ele alcance o seu objetivo, e o confronta com tentações, iguais àquelas com que [[Special:MyLanguage/Satan|Satanás]] tentou [[Special:MyLanguage/Jesus|Jesus]], enquanto jejuava no deserto.  


The ''Dhammapada'' records the words of Mara, as she assailed Gautama: “Lean, suffering, ill-favored man, Live! Death is your neighbor. Death has a thousand hands, you have only two. Live! Live and do good, live holy, and taste reward. Why do you struggle? Hard is struggle, hard to struggle all the time.”  
O ''Dhammapada'' registra as palavras de Mara, ao atacar Gautama: “Homem magro, sofredor, mal-favorecido, Vive! A morte é sua vizinha. A morte tem mil mãos, você tem apenas duas. Vive! Vive e faz o bem, vive santo e prove a recompensa. Por que você luta? É difícil a luta, é difícil de lutar o tempo todo.”  


Impassível, Gautama permaneceu sob a árvore Bodhi, enquanto
Impassível, Gautama permaneceu sob a árvore Bodhi, enquanto Mara investia contra ele, usando primeiro o desejo, fazendo desfilar à sua frente deusas e dançarinas voluptuosas. Em seguida, usando a morte, atacando-o com terremotos, chuvas torrenciais, pedras incandescentes, lama fervente, soldados e bestas ferozes e, finalmente, as trevas. Ainda assim, Gautama permaneceu imóvel.  
Mara investia contra ele, usando primeiro o desejo, fazendo desfilar
à sua frente deusas e dançarinas voluptuosas. Em seguida, usando a
morte, atacando-o com terremotos, chuvas torrenciais, pedras incandescentes,
lama fervente, soldados e bestas ferozes e, finalmente, as trevas.
Ainda assim, Gautama mantém-se inalterado.  


Como último recurso, o demônio contesta o direito que Gautama
Como último recurso, o demônio contesta o direito que Gautama teria de agir daquela maneira. Sidarta, então, toca a terra com o mudra no qual a mão esquerda se mantém apoiada no colo, com palma voltada para cima, enquanto a direita aponta para baixo, tocando a terra. E esta em resposta, brada: “Sou tua testemunha!” E todas as hostes do Senhor e seres elementais responderam e aclamaram o direito que Gautama tinha de buscar a iluminação do Buda. Diante disso, Mara desaparece.  
teria de agir daquela maneira. Sidarta, então, toca a terra com o mudra
no qual a mão esquerda se mantém apoiada no colo, com palma voltada
para cima, enquanto a direita aponta para baixo, tocando a terra. E esta
em resposta, brada: “Sou tua testemunha!” E todas as hostes do Senhor
e seres elementais responderam e aclamaram o direito que Gautama
tinha de buscar a iluminação do Buda. Diante disso, Mara desaparece.  


Having defeated Mara, Gautama spent the rest of the night in deep meditation under the tree, recalling his former embodiments, attaining the “superhuman divine eye” (the ability to see the passing away and rebirth of beings), and realizing the Four Noble Truths. In his own recorded words: “Ignorance was dispelled, knowledge arose. Darkness was dispelled, light arose.”<ref>Edward J. Thomas, ''The Life of Buddha as Legend and History'' (New York: Alfred A. Knopf, 1927), pp. 66-68, quoted in Clarence H. Hamilton, ed., ''Buddhism: A Religion of Infinite Compassion'' (New York: The Liberal Arts Press, 1952), pp. 22–23.</ref>  
Tendo derrotado Mara, Gautama passou o resto da noite em profunda meditação sob a árvore, relembrando suas antigas encarnações, alcançando o “olho divino sobre-humano” (a capacidade de ver a morte e o renascimento dos seres) e percebendo as Quatro Nobres Verdades. Nas próprias palavras gravadas: “A ignorância foi dissipada, o conhecimento surgiu. As trevas foram dissipadas, a luz surgiu.”<ref>Edward J. Thomas, ''A vida de Buda como lenda e história'' (Nova York: Alfred A. Knopf, 1927), pp. 66-68, citado por Clarence H Hamilton, ed., em ''Buddhism: A Religion of Infinite Compassion'' (Nova York: The Liberal Arts Press, 1952), pp. 22–23.</ref>  


Thus, he attained Enlightenment, or the Awakening, during the night of the full-moon day of the month of May, about the year 528 <small>B</small>.<small>C</small>. His being was transformed, and he became the Buddha.  
Assim, ele alcançou a Iluminação, ou o Despertar, durante a noite do dia de lua cheia do mês de maio, por volta do ano 528 a.C. Seu ser foi transformado e ele se tornou o Buda.  


<blockquote>The event was of cosmic import. All created things filled the morning air with their rejoicings and the earth quaked six ways with wonder. Ten thousand galaxies shuddered in awe as lotuses bloomed on every tree, turning the entire universe into “a bouquet of flowers sent whirling through the air.<ref>Huston Smith, The Religions of Man (New York: Harper & Row, Harper Colophon Books, 1958), p. 84.</ref></blockquote>  
<blockquote> O evento foi de importância cósmica. Todas as coisas criadas encheram o ar da manhã com suas alegrias e a terra tremeu de seis vezes com admiração. Dez mil galáxias tremiam de admiração quando lótus floresciam em todas as árvores, transformando o universo inteiro em "um buquê de flores enviadas girando no ar".<ref>Huston Smith, ''The Religions of Man'' (As Religiões do Homem) (Nova York: Harper & Row, Harper Colophon Books, 1958), p. 84.</ref></blockquote>  


For a total of forty-nine days he was deep in rapture, after which he again turned his attention to the world. He found Mara waiting for him with one last temptation: “How can your experience be translated into words? Return to Nirvana. Do not try to deliver your message to the world, for no one will comprehend it. Remain in bliss!” But Buddha replied: “There will be some who will understand,” and Mara vanished from his life forever.  
Durante quarenta e nove dias Sidarta manteve-se em êxtase profundo, depois do qual voltou novamente a atenção para o mundo. E Mara aguardava-o, uma vez mais, com uma última tentação: “Como traduzir a tua experiência em palavras? Volta para o Nirvana. Não tentes difundir a tua mensagem no mundo, pois ninguém a compreenderá. Continua em êxtase!” Ao que o Buda respondeu: “Alguns compreenderão”. E Mara desapareceu da sua vida, para sempre.
 


== Ensinamento ==
== Ensinamento ==
Line 88: Line 77:
[[File:1200px-Dhamekh Stupa, where the Buddha gave the first sermon on the Four Noble Truths and the Eightfold Path to his five disciples, Sarnath.jpg|thumb|upright=1.2|Sarnath, Índia, a [[Special:MyLanguage/Stupa|stupa]] que marca o local onde Gautama pregou seu primeiro sermão]]
[[File:1200px-Dhamekh Stupa, where the Buddha gave the first sermon on the Four Noble Truths and the Eightfold Path to his five disciples, Sarnath.jpg|thumb|upright=1.2|Sarnath, Índia, a [[Special:MyLanguage/Stupa|stupa]] que marca o local onde Gautama pregou seu primeiro sermão]]


Contemplating whom he should first teach, he decided to return to the five ascetics who had left him. He began a journey of over one hundred miles to Benares and delivered to his old companions his first sermon, known as the ''Dhammacakkappavattana-sutta'', or “Setting in Motion the Wheel of Truth.
Contemplando quem deveria ensinar primeiro, ele decidiu retornar aos cinco ascetas que o haviam deixado. Ele iniciou uma jornada de mais de 160 quilômetros até Benares e deu a seus antigos companheiros seu primeiro sermão, conhecido como ''Dhammacakkappavattana-sutta'', ou “Por em Movimento a Roda da Verdade”.  


At the end of the sermon, in which he revealed the key discovery of his quest—the Four Noble Truths, the Eightfold Path, and the Middle Way—he accepted the five monks as the first members of his order. Kondañña was the first to grasp the teaching.  
No final do sermão, no qual revelou a principal descoberta de sua missão - as Quatro Nobres Verdades, a Senda Óctupla e o Caminho do Meio - ele aceitou os cinco monges como os primeiros membros de sua ordem. Kondañña foi o primeiro a entender o ensino.  


Por quarenta e cinco anos, ele percorreu as estradas poeirentas da Índia, pregando o ''dharma'' (a doutrina universal), que levou à fundação do Budismo, e criou a ''[[Special:MyLanguage/Sangha|sangha]]'' (a comunidade), que rapidamente superou o número de 1.200 devotos, eventualmente, incluindo toda a sua família - pai, tia, esposa e filho. Quando lhe perguntavam o que o identificava, respondia: “Estou desperto”. Daí o nome Buda, que significa “Ser Iluminado” ou “Desperto”.  
Por quarenta e cinco anos, ele percorreu as estradas poeirentas da Índia, pregando o ''dharma'' (a doutrina universal), que levou à fundação do Budismo, e criou a ''[[Special:MyLanguage/Sangha|sangha]]'' (a comunidade), que rapidamente superou o número de 1.200 devotos, eventualmente, incluindo toda a sua família - pai, tia, esposa e filho. Quando lhe perguntavam o que o identificava, respondia: “Estou desperto”. Daí o nome Buda, que significa “Ser Iluminado” ou “Desperto”.  


== Passing ==
== Transição ==


At the age of eighty, Gautama became seriously ill and almost died, but revived himself, thinking it was not right to die without preparing his disciples. By sheer determination, he recovered and instructed [[Ananda]], his cousin and close disciple, that the order should live by making themselves an island—by becoming their own refuge and making the ''Dhamma'' their island, their refuge forever.  
Aos oitenta anos, Gautama ficou gravemente doente e quase morreu, mas se reviveu, pensando que não era certo morrer sem preparar seus discípulos. Por pura determinação, se recuperou e instruiu [[Special:MyLanguage/Ananda|Ananda]], seu primo e discípulo mais íntimo, para que a ordem pudesse viver se tornando como uma ilha - se tornando seu próprio refúgio e fazendo do ''Dhamma'' sua ilha, seu refúgio para sempre.  


After announcing that he would die in three months, he traveled through several villages and then stayed with Cunda, the goldsmith, one of his devoted followers. According to generally accepted tradition, Cunda invited Gautama to partake of ''sukara-maddava''—a dish he had prepared unknowingly with poisoned mushrooms. After the meal, Gautama became violently ill, but bore his pain without complaint.  
Depois de anunciar que morreria em três meses, ele viajou por várias aldeias e depois ficou com Cunda, o ourives, um de seus devotos seguidores. De acordo com a tradição geralmente aceita, Cunda convidou Gautama a partilhar do ''sukara-maddava'' - um prato que ele preparara sem saber com cogumelos envenenados. Após a refeição, Gautama ficou violentamente doente, mas suportou sua dor sem reclamar.  


His only concern was to console Cunda, who might feel responsible for his death. And thus, he compassionately asked Ananda to tell Cunda that of all the meals he had eaten, only two stood out as special blessings—one was the meal served by Sujata before his enlightenment, and the other was the food from Cunda which opened the gates to his [[transition]].  
Sua única preocupação era consolar Cunda, que poderia se sentir responsável por sua morte. E, assim, pediu compassivamente a Ananda que dissesse a Cunda que de todas as refeições que ele havia comido, apenas duas se destacavam como bênçãos especiais - uma era a refeição servida por Sujata antes de sua iluminação, e a outra era a comida de Cunda que lhe abriu os portões para a [[Special:MyLanguage/transition|transição]].  


He passed during the full-moon of May, c. 483 <small>B</small>.<small>C</small>., after again advising Ananda that the ''Dhamma''—the Truth—must be his master and reminding the monks of the transiency of all conditioned things.  
Ele morreu durante a lua cheia de maio, cerca de 483 a.C., depois de aconselhar novamente
Ananda a considerar o ''Dhamma'' – a Verdade – como o seu mestre, e lembrar aos monges sobre a transitoriedade de tudo o que é condicionado.  


== Legado ==
== Legado ==


Following the passing of Gautama, Buddhism began to develop in two major directions, leading to the establishment of the Hinayana (“little vehicle”) and the Mahayana (“great vehicle”) schools of Buddhism, from which many further subgroups evolved.  
Após a transição de Gautama, o budismo começou a se desenvolver em duas direções principais, levando ao estabelecimento das escolas budistas Hinayana (“pequeno veículo") e Mahayana (“grande veículo”), das quais muitos outros subgrupos evoluíram.  


Adherents of the Hinayana school believe their teachings represent the original Buddhist doctrine taught by Gautama, and therefore refer to their path as the Theravada, or “Way of the Elders.
Os adeptos da escola Hinayana acreditam que seus ensinamentos representam a doutrina budista original ensinada por Gautama e, portanto, se referem a sua senda como Theravada, ou “Caminho dos Anciães”.  


The traditional Theravadin outlook centers around the monastic way of life and emphasizes the necessity for self-sacrifice and individual enlightenment in order to help others. Their goal is to become an [[arhat]]—perfected disciple—and enter [[Nirvana]].  
A perspectiva tradicional dos Theravadin centra-se no modo de vida monástico e enfatiza a necessidade de auto-sacrifício e iluminação individual para ajudar os outros. Sua meta é se tornarem num [[Special:MyLanguage/arhat|arhat]] - num discípulo aperfeiçoado - e entrar no [[Special:MyLanguage/Nirvana|Nirvana]].  


The Mahayanists, who believe that the Theravadins’ strict observance of precepts departs from the true spirit of the Buddha, concentrate more on emulating the Buddha’s life, stressing good works and compassion toward others in the process of gaining enlightenment. The Theravadins, however, claim that the Mahayanists have polluted the pure stream of Gautama’s teaching by incorporating more liberal doctrines and interpretations.   
Os mahayanistas, que acreditam que a estrita observância de preceitos dos teravadin parte do verdadeiro espírito de Buda, concentram-se mais em emular a vida do Buda, enfatizando boas obras e compaixão pelos outros no processo de obter a iluminação. Os Theravadin, no entanto, afirmam que os mahayanistas poluíram o fluxo puro dos ensinamentos de Gautama, incorporando doutrinas e interpretações mais liberais.   


The Mahayanists consider their school to be the “greater vehicle,” as it provides more for the layman. Their ideal is to become a [[bodhisattva]]—one who attains Nirvana but voluntarily returns to the world to assist others in obtaining the same goal.
Os mahayanistas consideram sua escola o “veículo maior”, pois fornece mais para o leigo. O ideal deles é se tornar um [[Special:MyLanguage/bodhisattva|bodhisattva]] - alguém que alcança o Nirvana, mas voluntariamente retorna ao mundo para ajudar outros a alcançar o mesmo objetivo.


== Gautama’s work today ==
== O trabalho de Gautama hoje ==


Gautama Buddha was the first initiate to serve under [[Sanat Kumara]], hence the one chosen to succeed him in the office of Lord of the World. On January 1, 1956, Sanat Kumara placed his [[mantle]] on Lord Gautama, whereupon the Chela par excellence of the Great Guru also became the hierarch of Shamballa.   
Gautama Buda foi o primeiro iniciado a servir sob Sanat Kumara, daí ser o escolhido para sucedê-lo no cargo de Senhor do Mundo. Em 1 de janeiro de 1956, Sanat Kumara colocou seu [manto] sobre o Senhor Gautama, após o que o Chela por excelência do Grande Guru também se tornou o hierarca de Shamballa.   


Atualmente Gautama Buda ocupa o cargo de Senhor do Mundo (que em Apocalipse 11:4 é chamado “Deus da Terra”). Em níveis internos ele sustenta a chama trina da vida – a centelha divina – para todos os filhos de Deus, na Terra.
Atualmente Gautama Buda ocupa o cargo de Senhor do Mundo (que em Apocalipse 11:4 é chamado “Deus da Terra”). Em níveis internos ele sustenta a chama trina da vida – a centelha divina – para todos os filhos de Deus, na Terra.
Line 124: Line 114:
Referindo-se ao grandioso serviço que o Senhor Gautama presta à vida, no cargo que ocupa como Senhor do Mundo, em 1º de janeiro de 1986, [[Special:MyLanguage/Maitreya|Maitreya]] disse:  
Referindo-se ao grandioso serviço que o Senhor Gautama presta à vida, no cargo que ocupa como Senhor do Mundo, em 1º de janeiro de 1986, [[Special:MyLanguage/Maitreya|Maitreya]] disse:  


<blockquote>O Senhor do Mundo sustenta verdadeiramente a chama trina para as evoluções da Terra por meio de uma filigrana de luz que sai do seu coração. Este é um atalho criado devido ao carma das pessoas, pois existem tantas trevas ao redor do seu coração, que as artérias espirituais, ou cordão de cristal, foram cortadas.</blockquote>
<blockquote>
O Senhor do Mundo sustenta verdadeiramente a chama trina para as evoluções da Terra por meio de uma filigrana de luz que sai do seu coração. Este é um atalho criado devido ao carma das pessoas, pois existem tantas trevas ao redor do seu coração, que as artérias espirituais, ou cordão de cristal, foram cortadas.


<blockquote>A situação é comparável ao entupimento das artérias do corpo físico que diminui de tal maneira o fluxo de sangue que acaba criando uma insuficiência e o coração não consegue mais sustentar a vida. Isto é comparável ao que acontece no plano astral.</blockquote>
A situação é comparável ao entupimento das artérias do corpo físico que diminui de tal maneira o fluxo de sangue que acaba criando uma insuficiência e o coração não consegue mais sustentar a vida. Isto é comparável ao que acontece no plano astral.


<blockquote>Então Sanat Kumara veio para a Terra para manter a chama da vida. Em Shamballa, Gautama Buda faz o mesmo, sustentando a chama trina e tornando-se uma parte de todo coração vivente. Quando o discípulo se aproxima da Senda, compreende que a sua meta é expandir a sua chama aqui embaixo e no seu coração, para que, com ou sem o fio de filigrana do coração de Gautama, ele possa sustentar a vida, a alma, a consciência e a senda iniciática.</blockquote>
Então Sanat Kumara veio para a Terra para manter a chama da vida. Em Shamballa, Gautama Buda faz o mesmo, sustentando a chama trina e tornando-se uma parte de todo coração vivente. Quando o discípulo se aproxima da Senda, compreende que a sua meta é expandir a sua chama aqui embaixo e no seu coração, para que, com ou sem o fio de filigrana do coração de Gautama, ele possa sustentar a vida, a alma, a consciência e a senda iniciática.


<blockquote>Amados, tal passo é, por si só, uma realização que poucos alcançaram neste planeta. Não tendes ideia de como vos sentiríeis, seríeis ou vos comportaríeis se Gautama Buda retirasse o fio de filigrana e o momentum das batidas do seu coração e da sua chama trina, que são o vosso apoio. A maioria das pessoas, especialmente os jovens, não leva em consideração qual é a fonte da vida que experimentam com exuberância e alegria.</blockquote>
Amados, tal passo é, por si só, uma realização que poucos alcançaram neste planeta. Não tendes ideia de como vos sentiríeis, seríeis ou vos comportaríeis se Gautama Buda retirasse o fio de filigrana e o momentum das batidas do seu coração e da sua chama trina, que são o vosso apoio. A maioria das pessoas, especialmente os jovens, não leva em consideração qual é a fonte da vida que experimentam com exuberância e alegria.
</blockquote>


Em 31 de dezembro de 1983, Gautama deu a  seguinte explicação sobre a dádiva que concedeu:
Em 31 de dezembro de 1983, Gautama referiu-se à dádiva que concedeu:


<blockquote>Sou muito observador. E vos observo, graças ao contato da minha chama, por meio do fio de contato que mantenho com a chama trina do vosso coração, sustentando-a, como faço, até que passeis do [[Special:MyLanguage/seat-of-the-soul chakra|chakra da alma]] para o mais fundo do coração – a [[Special:MyLanguage/secret chamber of the heart|câmara secreta do coração]] – e sejais capazes, por vós mesmos, de sustentar a chama que arde nesta oitava.</blockquote>
<blockquote>
Sou muito observador. E vos observo, graças ao contato da minha chama, por meio do fio de contato que mantenho com a chama trina do vosso coração, sustentando-a, como faço, até que passeis do [[Special:MyLanguage/seat-of-the-soul chakra|chakra da alma]] para o mais fundo do coração – a [[Special:MyLanguage/secret chamber of the heart|câmara secreta do coração]] – e sejais capazes, por vós mesmos, de sustentar a chama que arde nesta oitava.


<blockquote>Alguém aqui se recorda de ter acendido a sua chama trina, ao nascer? Alguma vez vos lembrastes de tê-la avivado ou mantido acesa? Amados corações, reconhecei que atos de amor, valor, honra e altruísmo certamente contribuem para essa chama, mas um poder maior e uma Origem superior mantê-la-ão, até que sejais um só com esse poder superior: o vosso Santo [[Special:MyLanguage/Christ Self|Cristo Pessoal]].</blockquote>
Alguém aqui se recorda de ter acendido a sua chama trina, ao nascer? Alguma vez vos lembrastes de tê-la avivado ou mantido acesa? Amados corações, reconhecei que atos de amor, valor, honra e altruísmo certamente contribuem para essa chama, mas um poder maior e uma Origem superior mantê-la-ão, até que sejais um só com esse poder superior: o vosso Santo [[Special:MyLanguage/Christ Self|Cristo Pessoal]].


<blockquote>Todos recebem o incentivo e o impulso da chama do meu coração. À medida que a luz que vem da Divindade passa por mim, percebo muitas coisas vossas e da vossa vida cotidiana que julgais estarem além do registro e da percepção de um Senhor do Mundo, que deve estar mesmo muito ocupado.</blockquote>
Todos recebem o incentivo e o impulso da chama do meu coração. À medida que a luz que vem da Divindade passa por mim, percebo muitas coisas vossas e da vossa vida cotidiana que julgais estarem além do registro e da percepção de um Senhor do Mundo, que deve estar mesmo muito ocupado.


<blockquote>E estou mesmo! Mas nunca tão ocupado que não perceba os elementos da Senda apresentados, em toda a parte, pelos pais, nas famílias, nas comunidades e nas salas de aula da vida. Pois considero ser do meu interesse assegurar que algum elemento da senda da iniciação, movendo-se em direção ao coração de Jesus e de Maitreya, faça parte da vida de toda criança em desenvolvimento.</blockquote>
E estou mesmo! Mas nunca tão ocupado que não perceba os elementos da Senda apresentados, em toda a parte, pelos pais, nas famílias, nas comunidades e nas salas de aula da vida. Pois considero ser do meu interesse assegurar que algum elemento da senda da iniciação, movendo-se em direção ao coração de Jesus e de Maitreya, faça parte da vida de toda criança em desenvolvimento.
</blockquote>


== Retiros ==
== Retiros ==


{{main-pt|[[Special:MyLanguage/Shamballa|Shamballa]]}}
{{main-pt|Shamballa|Shamballa}}


{{main-pt|[[Special:MyLanguage/Western Shamballa|Shamballa Ocidental]]}}
{{main-pt|Western Shamballa|Shamballa Ocidental}}


Gautama Buda é o patrocinador da Summit University e hierarca de Shamballa, o retiro etérico do Senhor do Mundo, que fica sobre o deserto de Gobi.  
Gautama Buda é o patrocinador da Summit University e hierarca de Shamballa, o retiro etérico do Senhor do Mundo, que fica sobre o deserto de Gobi.  


Em 1981, Gautama estabeleceu uma extensão do seu retiro na oitava etérica, que recebeu o nome de [[Special:MyLanguage/Western Shamballa|Shamballa Ocidental]] e está localizado sobre o [[Special:MyLanguage/Heart of the Inner Retreat|Coração do Retiro Interno]], no [[Special:MyLanguage/Royal Teton Ranch|Rancho do Royal Teton]], nos Estados Unidos.
Em 1981, Gautama estabeleceu uma extensão deste retiro na oitava etérica, chamado [[Special:MyLanguage/Western Shamballa|Shamballa Ocidental]], que está localizado sobre o [[Special:MyLanguage/Heart of the Inner Retreat|Coração do Retiro Interno]], no [[Special:MyLanguage/Royal Teton Ranch|Rancho do Royal Teton]], nos Estados Unidos.


A [[Special:MyLanguage/keynote|nota-chave]] de Gautama Buda é a canção “Moonlight and Roses”. A “Ode à Alegria”, da nona sinfonia de [[Special:MyLanguage/Beethoven|Beethoven]], também nos sintoniza diretamente com o Senhor do Mundo.
A [[Special:MyLanguage/keynote|nota-chave]] de Gautama Buda é a canção “Moonlight and Roses”. A “Ode à Alegria”, da nona sinfonia de [[Special:MyLanguage/Beethoven|Beethoven]], também nos sintoniza diretamente com o Senhor do Mundo.

Latest revision as of 05:51, 5 October 2023

Gautama Buddha, o “Compassivo”, ocupa o cargo de Senhor do Mundo (referido como “Deus da Terra” no Apocalipse 11:4), hierarca do retiro etérico em Shamballa (sobre o deserto de Gobi), onde ele mantém acesa a chama trina da vida para as evoluções da Terra. Gautama (que encarnou como Sidarta Gautama c. 563 a.C.), é o grande professor de iluminação através do domínio da alma nas Dez Perfeições, as Quatro Nobre Verdades, e a Senda Óctupla, e patrocinador da Summit University e da missão da Mãe da Chama de levar a tocha de iluminação para a era.

Gautama chegou na hora em que o hinduísmo estava em seu pior estado de decadência. O sacerdócio estava envolvido no favoritismo e na guarda dos grandes segredos, os verdadeiros mistérios de Deus, mantendo assim as massas na ignorância. O sistema de castas tornou-se um meio de aprisionamento da alma, em vez de um meio de libertação através do dharma. Nascido como príncipe Sidarta, ele deixou palácio, poder, esposa e filho para obter a iluminação pela qual poderia devolver ao povo aquilo que os intrusos haviam tirado deles.

Início de vida

Gautama Buda, nasceu como Sidarta Gautama no norte da Índia, filho do Rei Suddhodana e da Rainha Mahamaya, que governavam o reino Sakya, o que fez dele um membro da casta Kshatriya – guerreiros ou governantes.

Antigos textos em pali e escrituras budistas registram que antes de seu nascimento, sua mãe, Mahamaya, sonhara que um belo elefante branco prateado entrara em seu ventre pelo seu lado. Os brâmanes, chamados a interpretar o sonho, predisseram o nascimento de um filho que se tornaria um monarca universal ou um buda.

Nos últimos dias de sua gravidez, a rainha começou uma viagem a Devadaha para visitar seus pais, como era costume na Índia. No caminho, ela parou com suas acompanhantes no parque Lumbini e pegou um galho florido de um saleiro. Lá, sob a árvore florida, o Buda nasceu no dia da lua cheia do mês de maio.

Cinco dias após o seu nascimento, 108 brâmanes foram convidados para a cerimônia de atribuição de nome, realizada no palácio. Dentre eles, o rei escolheu oito com maior erudição para prognosticar o destino da criança, por meio da interpretação de marcas corporais e características físicas.

Sete foram unânimes em afirmar que, se ele permanecesse no palácio, seria um rei universal que unificaria a Índia; mas, se fosse embora, transformar-se-ia em um Buda e removeria o véu de ignorância do mundo. Kondañña, o oitavo e mais novo do grupo, declarou que Gautama certamente seria um Buda e renunciaria ao mundo depois de se defrontar com quatro situações: um homem velho, um doente, um morto e um santo.

A criança recebeu o nome de Sidarta, que significa “Aquele que Cumpre o Seu Objetivo”. Sete dias após o seu nascimento, sua mãe morreu e ele foi criado pela irmã, Maraprajapati, que, mais tarde, se tornaria uma de suas primeiras discípulas.

Preocupado com a possibilidade de perder o herdeiro, o rei tomou várias providências para evitar que o filho entrasse em contato com a dor e o sofrimento, cercando-o de todo luxo disponível, inclusive três palácios e quarenta mil dançarinas.

No text canônico Anguttara Nikāya, Gautama descreve sua criação com suas próprias palavras:

Fui tratado com carinho, suprema e infinitamente. No palácio de meu pai, piscinas de lótus foram construídas para mim, num lugar para flores de lótus azuis, em outro para flores de lótus brancas e em outro para flores de lótus vermelhas, que floresciam para mim. Dia e noite, uma sombrinha era colocada sobre mim, para que não fosse incomodado pelo frio, calor, poeira, folhas ou orvalho. Eu morava em três palácios; em um, durante o frio; em outro, no verão; e em outro, durante a estação das chuvas. Enquanto estava no palácio da estação das chuvas, cercado por músicos, cantores e dançarinas, por quatro meses não saí do palácio.[1]

Aos dezesseis anos, depois de provar sua habilidade numa competição militar, o príncipe Sidarta desposou sua linda prima Yasodhara. Logo se tornou melancólico e preocupado, mas o momento da mudanca em sua vida só ocorreu quando ele tinha vinte e nove anos e empreendeu quatro excursões nas quais entrou em contato com as quatro situações.

Primeiro ele viu um homem velho, grisalho e decrépito, apoiado em um cajado. Depois, um ser miserável, atormentado pela doença, caído no caminho. Em seguida, viu um cadáver e, por último, um monge vestido com um manto amarelo, a cabeça raspada, que pedia esmolas. Sentindo enorme compaixão pelas três primeiras pessoas que encontrara, Gautama percebeu que a vida estava sujeita ao envelhecimento, à doença e à morte. Para ele, a quarta situação significou a possibilidade de superar essas condições e inspirou-o a abandonar o mundo que conhecia para buscar uma solução para o sofrimento.

A Renuncia de Buda, Nicholas Chevalier (1884)

Ascetismo

No caminho de volta ao palácio, Sidarta recebeu a notícia do nascimento do seu filho, a quem deu o nome de Rahula, ou “obstáculo.” Na mesma noite, ordenou que selassem o seu cavalo favorito, Kanthaka. Antes de sair da cidade, ele foi ao quarto para um ultimo olhar para a esposa e filho. Ele cavalgou até ao amanhecer, quando, ao trocar de roupa com o cocheiro, assumiu a aparência de um asceta. O cocheiro foi enviado de volta ao palácio.

Foi esse o início da sua vida como monge errante. Sidarta procurou imediatamente os professores mais eruditos da época, para que o instruíssem sobre a verdade, e dominou rapidamente tudo o que lhe foi ensinado. Insatisfeito e inquieto, determinou que encontraria uma verdade permanente e imutável perante as ilusões do mundo.

Enquanto atravessava o país denominado Magadha, chamava a atenção pela sua beleza e pelo porte nobre. Ao chegar à aldeia Senanigama, próxima de Uruvela, um grupo de cinco ascetas – entre eles Kondañña, o brâmane que previra a sua Budicidade – juntou-se a ele.

Ali, por aproximadamente seis anos, Gautama praticou uma austeridade severa, que estão descritas em suas próprias palavras no Majjhima Nikāya:

Devido ao pouco alimento, todos os meus membros se tornaram como trepadeiras murchas com juntas entrelaçadas; as pupilas de meus olhos eram fundas em suas órbitas, como a água brilhando no fundo de um poço; a pele de minha barriga chegou a agarrar-se às minhas costas.[2]

Como consequência dessas severas mortificações fisicas, Gautama ficou tão fraco que uma vez desmaiou e se acreditava estar morto. Alguns relatos descrevem como ele foi encontrado em colapso por um menino pastor que o restaurou com gotas de leite morno. Outros dizem que foram os devas, ou deuses, que o reviveram. Percebendo a futilidade do ascetismo, Gautama abandonou suas austeridades para buscar seu próprio caminho de iluminação - e seus cinco companheiros o rejeitaram e o abandonaram.

A árvore Bo

O templo de Mahabodhi em Bodhgaya, Índia. A árvore sob a qual o Buda alcançou a iluminação está à esquerda.

Um dia, Sujata, a filha de um aldeão, ofereceu-lhe um delicioso leite de arroz, “alimento tão extraordinário que nosso Senhor sentiu que lhe retornavam as forças e a vida, e que as noites de vigília e os dias de jejum haviam sido um sonho”.[3]Partiu, então, sozinho, em busca da árvore Bo (abreviatura de bodhi, ou iluminação) no local chamado hoje Buddh Gaya, onde fez o voto de permanecer até estar totalmente iluminado. Por isso, ali ficou conhecido como o Ponto Imóvel.

Nesse momento, Mara, o Diabo, vem tentá-lo, para impedir que ele alcance o seu objetivo, e o confronta com tentações, iguais àquelas com que Satanás tentou Jesus, enquanto jejuava no deserto.

O Dhammapada registra as palavras de Mara, ao atacar Gautama: “Homem magro, sofredor, mal-favorecido, Vive! A morte é sua vizinha. A morte tem mil mãos, você tem apenas duas. Vive! Vive e faz o bem, vive santo e prove a recompensa. Por que você luta? É difícil a luta, é difícil de lutar o tempo todo.”

Impassível, Gautama permaneceu sob a árvore Bodhi, enquanto Mara investia contra ele, usando primeiro o desejo, fazendo desfilar à sua frente deusas e dançarinas voluptuosas. Em seguida, usando a morte, atacando-o com terremotos, chuvas torrenciais, pedras incandescentes, lama fervente, soldados e bestas ferozes e, finalmente, as trevas. Ainda assim, Gautama permaneceu imóvel.

Como último recurso, o demônio contesta o direito que Gautama teria de agir daquela maneira. Sidarta, então, toca a terra com o mudra no qual a mão esquerda se mantém apoiada no colo, com palma voltada para cima, enquanto a direita aponta para baixo, tocando a terra. E esta em resposta, brada: “Sou tua testemunha!” E todas as hostes do Senhor e seres elementais responderam e aclamaram o direito que Gautama tinha de buscar a iluminação do Buda. Diante disso, Mara desaparece.

Tendo derrotado Mara, Gautama passou o resto da noite em profunda meditação sob a árvore, relembrando suas antigas encarnações, alcançando o “olho divino sobre-humano” (a capacidade de ver a morte e o renascimento dos seres) e percebendo as Quatro Nobres Verdades. Nas próprias palavras gravadas: “A ignorância foi dissipada, o conhecimento surgiu. As trevas foram dissipadas, a luz surgiu.”[4]

Assim, ele alcançou a Iluminação, ou o Despertar, durante a noite do dia de lua cheia do mês de maio, por volta do ano 528 a.C. Seu ser foi transformado e ele se tornou o Buda.

O evento foi de importância cósmica. Todas as coisas criadas encheram o ar da manhã com suas alegrias e a terra tremeu de seis vezes com admiração. Dez mil galáxias tremiam de admiração quando lótus floresciam em todas as árvores, transformando o universo inteiro em "um buquê de flores enviadas girando no ar".[5]

Durante quarenta e nove dias Sidarta manteve-se em êxtase profundo, depois do qual voltou novamente a atenção para o mundo. E Mara aguardava-o, uma vez mais, com uma última tentação: “Como traduzir a tua experiência em palavras? Volta para o Nirvana. Não tentes difundir a tua mensagem no mundo, pois ninguém a compreenderá. Continua em êxtase!” Ao que o Buda respondeu: “Alguns compreenderão”. E Mara desapareceu da sua vida, para sempre.  

Ensinamento

Sarnath, Índia, a stupa que marca o local onde Gautama pregou seu primeiro sermão

Contemplando quem deveria ensinar primeiro, ele decidiu retornar aos cinco ascetas que o haviam deixado. Ele iniciou uma jornada de mais de 160 quilômetros até Benares e deu a seus antigos companheiros seu primeiro sermão, conhecido como Dhammacakkappavattana-sutta, ou “Por em Movimento a Roda da Verdade”.

No final do sermão, no qual revelou a principal descoberta de sua missão - as Quatro Nobres Verdades, a Senda Óctupla e o Caminho do Meio - ele aceitou os cinco monges como os primeiros membros de sua ordem. Kondañña foi o primeiro a entender o ensino.

Por quarenta e cinco anos, ele percorreu as estradas poeirentas da Índia, pregando o dharma (a doutrina universal), que levou à fundação do Budismo, e criou a sangha (a comunidade), que rapidamente superou o número de 1.200 devotos, eventualmente, incluindo toda a sua família - pai, tia, esposa e filho. Quando lhe perguntavam o que o identificava, respondia: “Estou desperto”. Daí o nome Buda, que significa “Ser Iluminado” ou “Desperto”.

Transição

Aos oitenta anos, Gautama ficou gravemente doente e quase morreu, mas se reviveu, pensando que não era certo morrer sem preparar seus discípulos. Por pura determinação, se recuperou e instruiu Ananda, seu primo e discípulo mais íntimo, para que a ordem pudesse viver se tornando como uma ilha - se tornando seu próprio refúgio e fazendo do Dhamma sua ilha, seu refúgio para sempre.

Depois de anunciar que morreria em três meses, ele viajou por várias aldeias e depois ficou com Cunda, o ourives, um de seus devotos seguidores. De acordo com a tradição geralmente aceita, Cunda convidou Gautama a partilhar do sukara-maddava - um prato que ele preparara sem saber com cogumelos envenenados. Após a refeição, Gautama ficou violentamente doente, mas suportou sua dor sem reclamar.

Sua única preocupação era consolar Cunda, que poderia se sentir responsável por sua morte. E, assim, pediu compassivamente a Ananda que dissesse a Cunda que de todas as refeições que ele havia comido, apenas duas se destacavam como bênçãos especiais - uma era a refeição servida por Sujata antes de sua iluminação, e a outra era a comida de Cunda que lhe abriu os portões para a transição.

Ele morreu durante a lua cheia de maio, cerca de 483 a.C., depois de aconselhar novamente Ananda a considerar o Dhamma – a Verdade – como o seu mestre, e lembrar aos monges sobre a transitoriedade de tudo o que é condicionado.

Legado

Após a transição de Gautama, o budismo começou a se desenvolver em duas direções principais, levando ao estabelecimento das escolas budistas Hinayana (“pequeno veículo") e Mahayana (“grande veículo”), das quais muitos outros subgrupos evoluíram.

Os adeptos da escola Hinayana acreditam que seus ensinamentos representam a doutrina budista original ensinada por Gautama e, portanto, se referem a sua senda como Theravada, ou “Caminho dos Anciães”.

A perspectiva tradicional dos Theravadin centra-se no modo de vida monástico e enfatiza a necessidade de auto-sacrifício e iluminação individual para ajudar os outros. Sua meta é se tornarem num arhat - num discípulo aperfeiçoado - e entrar no Nirvana.

Os mahayanistas, que acreditam que a estrita observância de preceitos dos teravadin parte do verdadeiro espírito de Buda, concentram-se mais em emular a vida do Buda, enfatizando boas obras e compaixão pelos outros no processo de obter a iluminação. Os Theravadin, no entanto, afirmam que os mahayanistas poluíram o fluxo puro dos ensinamentos de Gautama, incorporando doutrinas e interpretações mais liberais.

Os mahayanistas consideram sua escola o “veículo maior”, pois fornece mais para o leigo. O ideal deles é se tornar um bodhisattva - alguém que alcança o Nirvana, mas voluntariamente retorna ao mundo para ajudar outros a alcançar o mesmo objetivo.

O trabalho de Gautama hoje

Gautama Buda foi o primeiro iniciado a servir sob Sanat Kumara, daí ser o escolhido para sucedê-lo no cargo de Senhor do Mundo. Em 1 de janeiro de 1956, Sanat Kumara colocou seu [manto] sobre o Senhor Gautama, após o que o Chela por excelência do Grande Guru também se tornou o hierarca de Shamballa.

Atualmente Gautama Buda ocupa o cargo de Senhor do Mundo (que em Apocalipse 11:4 é chamado “Deus da Terra”). Em níveis internos ele sustenta a chama trina da vida – a centelha divina – para todos os filhos de Deus, na Terra.

Referindo-se ao grandioso serviço que o Senhor Gautama presta à vida, no cargo que ocupa como Senhor do Mundo, em 1º de janeiro de 1986, Maitreya disse:

O Senhor do Mundo sustenta verdadeiramente a chama trina para as evoluções da Terra por meio de uma filigrana de luz que sai do seu coração. Este é um atalho criado devido ao carma das pessoas, pois existem tantas trevas ao redor do seu coração, que as artérias espirituais, ou cordão de cristal, foram cortadas.

A situação é comparável ao entupimento das artérias do corpo físico que diminui de tal maneira o fluxo de sangue que acaba criando uma insuficiência e o coração não consegue mais sustentar a vida. Isto é comparável ao que acontece no plano astral.

Então Sanat Kumara veio para a Terra para manter a chama da vida. Em Shamballa, Gautama Buda faz o mesmo, sustentando a chama trina e tornando-se uma parte de todo coração vivente. Quando o discípulo se aproxima da Senda, compreende que a sua meta é expandir a sua chama aqui embaixo e no seu coração, para que, com ou sem o fio de filigrana do coração de Gautama, ele possa sustentar a vida, a alma, a consciência e a senda iniciática.

Amados, tal passo é, por si só, uma realização que poucos alcançaram neste planeta. Não tendes ideia de como vos sentiríeis, seríeis ou vos comportaríeis se Gautama Buda retirasse o fio de filigrana e o momentum das batidas do seu coração e da sua chama trina, que são o vosso apoio. A maioria das pessoas, especialmente os jovens, não leva em consideração qual é a fonte da vida que experimentam com exuberância e alegria.

Em 31 de dezembro de 1983, Gautama referiu-se à dádiva que concedeu:

Sou muito observador. E vos observo, graças ao contato da minha chama, por meio do fio de contato que mantenho com a chama trina do vosso coração, sustentando-a, como faço, até que passeis do chakra da alma para o mais fundo do coração – a câmara secreta do coração – e sejais capazes, por vós mesmos, de sustentar a chama que arde nesta oitava.

Alguém aqui se recorda de ter acendido a sua chama trina, ao nascer? Alguma vez vos lembrastes de tê-la avivado ou mantido acesa? Amados corações, reconhecei que atos de amor, valor, honra e altruísmo certamente contribuem para essa chama, mas um poder maior e uma Origem superior mantê-la-ão, até que sejais um só com esse poder superior: o vosso Santo Cristo Pessoal.

Todos recebem o incentivo e o impulso da chama do meu coração. À medida que a luz que vem da Divindade passa por mim, percebo muitas coisas vossas e da vossa vida cotidiana que julgais estarem além do registro e da percepção de um Senhor do Mundo, que deve estar mesmo muito ocupado.

E estou mesmo! Mas nunca tão ocupado que não perceba os elementos da Senda apresentados, em toda a parte, pelos pais, nas famílias, nas comunidades e nas salas de aula da vida. Pois considero ser do meu interesse assegurar que algum elemento da senda da iniciação, movendo-se em direção ao coração de Jesus e de Maitreya, faça parte da vida de toda criança em desenvolvimento.

Retiros

Artígo principal: Shamballa

Artígo principal: Shamballa Ocidental

Gautama Buda é o patrocinador da Summit University e hierarca de Shamballa, o retiro etérico do Senhor do Mundo, que fica sobre o deserto de Gobi.

Em 1981, Gautama estabeleceu uma extensão deste retiro na oitava etérica, chamado Shamballa Ocidental, que está localizado sobre o Coração do Retiro Interno, no Rancho do Royal Teton, nos Estados Unidos.

A nota-chave de Gautama Buda é a canção “Moonlight and Roses”. A “Ode à Alegria”, da nona sinfonia de Beethoven, também nos sintoniza diretamente com o Senhor do Mundo.

Ver também

Tathagata

Fontes

Pérolas de Sabedoria, vol. 26, n° 4, 23 de janeiro de 1983.

Pérolas de Sabedoria, vol. 32, n° 30, 23 de julho de 1989.

Mark L. Prophet e Elizabeth Clare Prophet, Os Mestres e os seus retiros, s.v. “Gautama Buda.”

Template:IP-pt.

  1. Helena Roerich, Foundations of Buddhism (Nova York: Agni Yoga Society, 1971), p. 7.
  2. Enciclopedia Britanica, 15a. ed., s.v. “Buddha.”
  3. Edwin Arnold, Luz da Ásia – Vida e Doutrina de Gautama Buda (São Paulo: Editora Pensamento, 1977).
  4. Edward J. Thomas, A vida de Buda como lenda e história (Nova York: Alfred A. Knopf, 1927), pp. 66-68, citado por Clarence H Hamilton, ed., em Buddhism: A Religion of Infinite Compassion (Nova York: The Liberal Arts Press, 1952), pp. 22–23.
  5. Huston Smith, The Religions of Man (As Religiões do Homem) (Nova York: Harper & Row, Harper Colophon Books, 1958), p. 84.